O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) chamou na manhã de hoje, segunda-feira, 14 de Outubro, a imprensa para denunciar o que chamou de plano maquiavélico para manipular os resultados eleitorais de 9 de Outubro para beneficiar a coligação FRENAMO.
Albino Forquilha, presidente do partido, diz que há uma dissonância entre os resultados que começaram a ser divulgados no sábado pelas Comissões Distritais de Eleições e os editais originais na posse do seu partido. Diz que não vai aceitar a proclamação desses resultados sem uma confrontação com os resultados na posse do PODEMOS, o partido que suporta a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane.
“Há manobras para que o PODEMOS não possa ter o primeiro lugar que lhe merece, nem o segundo lugar, para beneficiar o partido Renamo”, denunciou Albino Forquilha, numa conferência de Imprensa hoje em Maputo. Segundo Albino Forquilha, o fim último desse plano é honrar os compromissos existentes entre a Frelimo e a Renamo de se manterem os únicos partidos relevantes na cena política em Moçambique.
“Os resultados que estamos a ter a nível dos distritos não são aqueles que o povo depositou nas urnas, tendo em vista responder a esta ordem superior para que o PODEMOS não consiga nem o primeiro nem o segundo lugar. Temos provas do que estamos a dizer porque temos actas e editais das mesas. Em muitos distritos, os resultados anunciados até aqui não correspondem à verdade”, disse Forquilha. Por conta dessa dissonância, o “PODEMOS nunca irá aceitar nem permitir a promulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional sem que haja uma confrontação entre os resultados anunciados pelos distritos e aqueles que nós temos, distrito por distrito”.
Os resultados eleitorais estão a sair a conta-gotas, sendo que, neste momento, nem todos os distritos fecharam o apuramento intermédio.
A seguir ao encerramento das urnas, o candidato presidencial independente Venâncio Mondlane, que é suportado pelo PODEMOS, levava vantagem sobre Daniel Chapo da Frelimo, Ossufo Momade da Renamo e Lutero Simango do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Numa conferência de imprensa, na sexta-feira, 11 de Outubro, Venâncio Mondlane, declarou-se vencedor das eleições com 51% dos votos, seguido de Daniel Chapo da Frelimo, com 41% dos votos. Nessa altura, segundo Venâncio Mondlane, tinham sido processadas 25% das mesas de voto.
Com o apuramento intermédio iniciado no sábado, em províncias como Gaza, Cabo Delgado e cidade de Maputo, Daniel Chapo e a Frelimo estão em vantagem.
Numa publicação de 13 de Outubro, o Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) alerta que a demora na divulgação dos resultados pode dar lugar à manipulação dos resultados para beneficiar a FRENAMO, sobretudo num contexto em que há relatos de perda de editais, como aconteceu no ano passado.
A manipulação dos resultados é uma realidade em Moçambique. Aconteceu durante o apuramento intermédio, a nível de província, mas também a nível do Conselho Constitucional. Depois das eleições autárquicas de 2023, Ossufo Momade desistiu de contestar os resultados fraudulentos desse ano e entrou em negociações com a Frelimo, como ele próprio confirmou recentemente, o que resultou na perda dos mais de 22 municípios em que reivindicava vitória para ficar com apenas quatro municípios (Vilankulo, Alto Molócue, Chiure e Quelimane).
Depois desta negociação assistiu-se a momentos que sugeriram uma parceria entre a Renamo de Momade e a Frelimo. Por exemplo, os dois partidos, com representação na CNE e no CC, chumbaram a candidatura da Coligação Aliança Democrática (CAD) que suportava a candidatura de Venâncio Mondlane, depois de o núcleo duro de Momade ter fechado as portas para Mondlane se candidatar à presidência do maior partido da oposição.